terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Surfista de praxe

Eram quatro e trinta, talvez, cinco horas. A cidade maravilhosa dormia seu sono de beleza,  as luzes acesas na sala tentenavam não ser subjugadas pela escuridão da madrugada. Era a hora, ainda com movimentos circulares em volta da barriga, se levantou, passou a mão no cabelo, uma ducha gelada, saiu, colocou a comida para os cachorros e partiu, como de praxe. Comendo sua maça ao volante, mal podia perceber muita coisa, o amanhecer, o tempo que passava rápido e o destino que se aproximava, juntamente com os carros que vinham na pista no curso contrário já com os faróis apagados. Quarenta, cinquenta minutos, mais ou menos, era o tempo que levava até o local da caída, que como um tiro na corrida de cavalos, dava início ao seu dia. O sol aquecia seu rosto, mas não tanto quanto o casaco o seu corpo. Estava frio, verdade, mas só do lado de fora. Interiormente não. Trocou o algodão pela borracha, parafina na prancha e um breve alongamento por desencargo de consciência. Não tinha muitas ondas, mas ainda sim, umas direitas para fazer a cabeça, entrou, dropou em algumas, saiu, respirou profundo, enrolou o estrepe na prancha, agradeceu a vida, olhou para o mar pela última vez antes de partir e esperar pelocair da noite, para que logo logo, começasse tudo de novo, no dia seguinte. Para muitos nada em especial, mas para ele, graças a Deus!

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